terça-feira, 25 de outubro de 2016

Deixar ir

Tem tantas coisas que ainda não foram ditas. Tantos desabafos que ficaram entalados na garganta, presos como se uma mão enorme tentasse sufocar meu grito. Algumas coisas foram jogadas no ar e causaram mais dor em mim do que eu achava ser capaz de suportar – elas me feriram como se mil facas fossem enfiadas em meu corpo e minha pele servisse de amolador. Ficaram cicatrizes imensas das coisas feitas, ditas, descobertas, mas principalmente, das coisas que você não me disse. A sua falta de sinceridade doeu mais do que descobrir toda a verdade daquela maneira tão cruel. Uma história que parecia ser tirada de um daqueles filmes adolescentes americanos se tornou uma tragédia dirigida pelo próprio Tarantino; houve sangue, muito sangue, mas que não foi visível. Eu sangrei durante dias antes de conseguir estancar a ferida imensa que você fez em meu peito, que abriu a minha alma e tirou de mim qualquer resquício de confiança que eu ainda tinha. Foi-se junto meu chão, minha paz, meu sono. Vi-me perdida em mim mesma, sem saber para onde correr já que você havia se transformado em meu ponto de paz - você, aquele que hoje é o meu algoz. Dói pensar em nossa história e perceber que nada daquilo foi real, mas dói mais ainda lembrar que eu que me entreguei de uma maneira desmedida e desenfreada a você. Queria voltar no tempo e retirar toda e qualquer palavra de amor dita, todo e qualquer gesto de carinho feito, todo e qualquer toque seu em minha pele, que ainda me inebria e me faz perder o rumo dos pensamentos quando fecho os olhos e lembro. Mas também sinto que estou te deixando ir, soltando de vez a sua mão e aprendendo a segurar mais forte na minha própria. A partir de hoje eu sou a minha melhor companhia e talvez tenha sido isso que tenha faltado – amor próprio. Amei você mais do que a mim mesma e esse foi o meu pior erro. Amar você foi a maior besteira que já fiz, entre tantas coisas estúpidas que cometi quando estava bêbada. Preciso me perdoar por isso. E preciso, principalmente, resgatar a mulher que fui antes de te conhecer. Ela era mais feliz.

Iasmyn Gordiano, 25/10/16

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Intenso



Não me pede pra guardar o que sinto. Sou uma explosão intensa de sinceridade e amor que pede pra ser exposta, gritada, fotografada. Preciso falar o que sinto, o que penso, o que acho, o que quero. Não consigo ser aquele meio termo quente/frio, onde ninguém consegue saber ao certo o que se passa na cabeça. Todos os meus sentimentos são expostos em minha cara, em meus olhos, em minha voz, em meu corpo. Não sei ser menos que isso, aliás, não sei ser menos. Sou mais, sempre mais. Mais dada, mais doída, mais louca, mais atirada, mais eu. Não consigo esconder nada de ninguém e talvez esse seja um dos meus maiores defeitos, apesar de achar que também seja uma de minhas qualidades. Em um mundo em que ganha aquele que fingir melhor, quem é sincero é rei. Não quero me dobrar a joguinhos emocionais, não quero precisar esconder o que se passa em minha mente, não quero ter de parar de escrever pra não me entregar demais. Eu quero me entregar. Quero me entregar ao mundo, a minha profissão, a mim mesma. Quero continuar sentindo esse vento batendo no rosto e continuar pisando no acelerador enquanto meus cabelos voam alucinadamente. Me desculpe, eu não sei ser outra e nem quero aprender a ser. Eu sou assim. Fica quem quer. Aliás, fica quem consegue ser como eu.

Iasmyn Gordiano, 21/10/16

Profundidade



Está faltando conversas longas. Daquelas que temos quando queremos conhecer alguém e ao mesmo tempo se conhecer também. Aquelas conversas em que falamos sobre o universo, os cosmos, signos, política, sobre a temperatura ideal para ferver uma batata ou qual o ingrediente perfeito para fazer a macarronada com salsicha. Aquelas conversas que demoram horas, dias, que se estendem pelas madrugadas e continuam pela manhã quando o sol já está a pino no céu. Aquele tipo de bate-papo que tira o sono, que instiga, chama pra perto, faz sorrir. O tipo de conversa que você tem quando finalmente acha alguém interessado, não somente em trocar beijos ou outras coisas, mas também em trocar energia, experiências, em beijar não somente sua boca, mas também em devorar teu conhecimento. O tipo de conversa que você acha poucas vezes na vida e, estranho ou não, acontecem com pessoas que vão te marcar de alguma forma. Tem muita gente falando, mas pouca gente se fazendo entender.

Iasmyn Gordiano, 21/10/16

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Sen-ti-men-tos

*Escrevi ouvindo “Apenas mais uma de amor” (Lulu Santos)

Não sei dizer se o que sinto é amor, paixão ou está caminhando entre esses dois sentimentos, e essa dúvida me tira do eixo e da minha zona de conforto.

É como sentir algo que me corrói e me reconstrói, me alucina, me acalma, me estressa, me afaga, me faz bem e me faz querer buscar o melhor de mim. Sempre desfazendo minha alma em mil pedaços e refazendo em uma nova perspectiva.

Pode não ser amor. Pode ser um gostar ou uma paixão, mas do que vale os rótulos se a intensidade é a mesma? O que é um fraco amor perto de um ardente desejo de querer o outro por perto e sempre feliz?

A única coisa que importa é que eu realmente gosto de você e por mais que muitas coisas eu prefira esconder ou deixar subentendido, eu caminho intensamente por essa neblina, esperando seu fim e, quem sabe, um final feliz.

Victor Rosa, 4/10/2016