domingo, 3 de setembro de 2017

365 dias

365 dias que eu não toco o teu corpo, mas ainda lembro todos os caminhos que te faziam suspirar por minhas mãos e pedir mais.
365 dias que não vejo o teu rosto, mas ainda lembro-me de cada ruga de expressão e cada pintinha em seu tronco.
365 dias que não ouço tua voz, mas tua risada ainda ecoa em minha mente como uma música chiclete de alguma artista pop.
365 dias que não te abraço, mas ainda consigo sentir a sensação de ter você ao redor do meu corpo apenas fechando os olhos.
365 dias que não te beijo, mas ainda sinto todas as borboletas no estômago só de lembrar como era bom ter seus lábios tocando os meus.
365 dias que não sabemos como andam nossas vidas, embora hoje eu torça pra que você esteja bem. E está. Só não está comigo.
365 dias que eu acordo pensando todos os dias em que te esquecer e isso só me faz lembrar ainda mais dos nossos momentos juntos.

Espero que amanhã seja o primeiro dia de minha vida sem você.

Iasmyn Gordiano, 03/09/17

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Faxina

337 dias sem você.
É estranho olhar para trás e perceber como tudo mudou. Como eu mudei. Minhas roupas ainda são as mesmas, mas eu não sou igual. Muitas ideias minhas mudaram, assim como meus planos e você, que fazia parte de todos eles, hoje já não está nem presente em minha vida. Há 337 dias você não faz mais parte dela.
Nós não nos falamos mais.
Eu não sei como anda sua vida e o que mudou em você. Ouvi dizer que as coisas ficaram um pouco complicadas, mas espero que tenha conseguido ajeitar tudo. Vi há alguns meses que seu cabelo está diferente e que tem uma tatuagem nova – eu ri e lembrei de como você era diferente quando estava comigo.
Não sei quais são suas novas bandas favoritas ou se suas blusas que eu amava ainda existem. Não sei se seu irmão caçula aprendeu a escrever e se o do meio já se formou no ensino médio. Já não tenho ideia de como anda a relação com sua família e se seus problemas já foram resolvidos.
Minha vida mudou tanto também. Não consigo mais me reconhecer na menina de um ano atrás. Parece que envelheci uma vida em 12 meses, sinto um peso extremo nos ombros ao mesmo tempo em que meu sorriso está mais aberto. Lembra como eu era tímida? Perdi isso em alguma rua pelo caminho. Meus planos mudaram tanto, às vezes sinto um medo surreal do futuro. Daqui a pouco mais de um mês irei embora daquela cidadezinha que tanto gostava e que você tanto viajou para me ver. Tenho medo do amanhã, mas admito que estou ansiosa para crescer e fechar mais esse ciclo.
Eu só queria dizer que não te odeio. Depois de toda a faxina que fiz na casa, na mudança dos móveis e na derrubada de algumas paredes, não sobrou espaço pra ódio. Mas também não te amo. Acho que na pressa de tirar tudo do lugar, acabei retirando coisas demais. Ainda ficaram algumas peças muito bonitas como as lembranças de certos momentos juntos, mas varri para fora de casa todo e qualquer sentimento que tinha por você. Agora tem espaço para um novo morador, a casa está vazia novamente e pretendo preenchê-la com novas histórias.
Ainda assim, espero que você esteja bem. Torço pra sua felicidade e sei que a minha não é ao seu lado.

Até.

Iasmyn Gordiano, 04/08/17

terça-feira, 25 de abril de 2017

Lado bom_

Eu gosto do seu sorriso metálico e da forma como você morde os lábios quando está nervosa. O jeito como prende o cabelo de maneira desajeitada e como fica agoniada quando uma mexa dele cai em cima dos seus olhos e encosta em seu nariz. Gosto daquela marquinha de nascença que você tem no bumbum e em como ela contrasta com a sua pele branca, já que é vermelhinha. Gosto das suas pintinhas no braço e nas três marias que você tem na mão direita. Admiro a forma como defende o que pensa e o jeito que dança quando está bêbada, sem se importar com o que os outros irão achar. Mesmo que outras pessoas critiquem, gosto da sua forma de amar também. Você se entrega e deixa o coração falar mais alto, ainda que existam grandes chances de você se decepcionar no final – o que aconteceu da última vez. Mas aí você vive a sua dor e vai se recuperando dentro do seu tempo, sem querer mostrar que superou antes da hora e acabar magoando alguém que não tem nada a ver com seus traumas passados. Você se importa com os sentimentos dos outros e às vezes coloca-os acima dos seus; ainda não sei se é bom ou ruim essa sua falta de prioridade com o próprio bem estar, mas pelo menos a sua consciência fica limpa no final de todas as suas relações: sabe que deu o seu melhor para fazer o outro feliz.
Curto também seu cabelo cacheado e seus olhos verdes sempre cercados por grandes olheiras; eu entendo, ainda que a madrugada seja feita para dormir, você prefere ficar acordada escrevendo textos que talvez não sejam lidos nunca ou assistindo séries cujas cenas jamais acontecerão em sua vida. Talvez fique idealizando um amor que não exista e nem seja possível a criação – é sua culpa ainda ter fé que amores sinceros e leais existam?
O jeito como defende seus amigos também é lindo. Sei que queria conseguir demonstrar mais amor por seus pais, mas é incrível como é difícil deixar claro quando você ama duas pessoas da forma como ama a eles. Mas, por favor, tente. O tempo passa e você pode se arrepender de não fazer isso enquanto ainda tem oportunidade. O mesmo conselho te dou relacionado à seus avós e tios – aproveite a presença deles o máximo que puder. A vida é injusta e fugaz.
Esse texto não é sobre algum amor ou alguma amizade. Esse texto é sobre mim. Sinto que ainda preciso me relembrar constantemente que não sou feita apenas de falhas e decepções, mas que como todos, também tenho meus lados positivos.
Por favor, não esqueça isso.

Não se esqueça de mim.

Iasmyn Gordiano, 26/04/17

Imploro_

“Não se implora pelo amor de ninguém”
Esse foi o meu erro? Lembro que te pedi para ficar. Na real, te implorei. Implorei de joelhos, mãos cruzadas em cima do peito, olhos marejados, nariz escorrendo, voz falhando. Implorei para a sua permanência em minha vida como o náufrago que implora por socorro ao avistar o helicóptero de resgate. Agarrei em suas mãos como quem se agarra a um colete salva vidas jogado em auto mar. Grudei em suas pernas e orei para que algum deus, deusa, santidade ou qualquer divindade pudesse me ouvir e fizesse você continuar em minha vida. Mas você não quis e hoje, olhando direitinho, acho que essa nunca foi sua vontade. Enquanto fazíamos planos, enquanto cozinhávamos juntos, enquanto ríamos de alguma besteira, enquanto eu enxugava suas lágrimas e fazia do teu pranto a minha dor... Em algum momento você realmente quis ficar comigo ou só permaneceu ao meu lado por carência? Por ego? Por falta de coragem de me magoar com a mais sincera verdade? Foi por isso que preferiu me manter presa em todas aquelas mentiras que me contava olhando dentro dos meus olhos e alisando minha bochecha? Foi por isso que enquanto me beijava, tocava meu corpo, sentia meu gosto mais íntimo e me fazia sua do jeito mais louco possível, seu celular vibrava com mensagens, fotos, trocas de intimidades com tantas outras que não somente eu? Não diga que me amou. Não diga que me quis. Mas se um dia você puder, por favor, senta e me explica o que foi aquilo tudo. Às vezes acho que aqueles meses não passaram de uma viagem muito louca minha – como é possível passar tanto tempo presa em tantas mentiras e não se tocar em nenhum momento daquilo?

Agradeço-te por ter partido. Ainda me encontro perdida, mas antes tentar achar o caminho de volta pra casa dentro de mim do que caminhar ao lado de alguém que só me fez andar sozinha. Não podia amar por dois. E se soubesse toda a verdade que passava dentro do teu coração, nem a te amar eu me atreveria.

Iasmyn Gordiano, 26/04/17

terça-feira, 18 de abril de 2017

partida_

Hoje meu pai me disse que eu só vou ter superado você depois que te encontrasse na rua e cumprimentasse tranquilamente – só ali eu saberia que toda e qualquer ferida que você me causou ficou no passado. Mas ainda dói.
Dói quando lembro das tardes preguiçosas jogados em sua cama; eu usando alguma blusa sua que virava um mini vestido em mim e você com aquela sua cueca azul folgada. Dói quando lembro dos nossos almoços na cama – geralmente pizza ou um prato imenso de feijão que sua mãe fazia e eu adorava. Dói quando lembro das vezes em que íamos ficar com sua cachorra no terraço de sua casa e ela subia feito uma louca em nossas pernas. Dói quando lembro das vezes em que cozinhamos juntos e você pirraçava a moça que trabalhava em sua casa, nos fazendo rir. Dói quando lembro da forma paternal como tratava seu irmão caçula e da admiração com que seu irmão do meio olhava pra você. Dói toda vez que fecho os olhos e sinto o cheiro do seu suor após algum ensaio. Dói quando lembro de sua cara de concentração tentando pegar alguma virada muito difícil na bateria. Dói quando lembro do seu sorriso, do seu toque, da sua voz. Do carinho com que você me tratava, dos abraços demorados, dos beijos entrecortados por  vários selinhos, dos cafunés, das risadas infinitas e das vezes que nossos corpos se encaixaram mais do que a física acharia humanamente possível – Newton só disse que “dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo” porque nunca nos viu transando.
Me forço a pensar nos momentos ruins, nas mentiras, nas traições, nas manipulações, nas vezes em que você me fez chorar somente por ser cruel. Mas há dias, como hoje, que tudo o que eu queria era poder voltar no tempo e viver tudo aquilo outra vez. Se eu soubesse que sua chegada iria me machucar tanto, juro que teria apertado o ‘x’ naquele aplicativo.

Dizem que há males que vem para o bem, mas até agora não consegui tirar um ponto bom disso tudo. Você foi meu maior ponto de paz e hoje é o maior causador do meu caos.

Iasmyn Gordiano, 18/04/17.

sábado, 15 de abril de 2017

casa_

Quando perguntamos uns aos outros o significado particular de ‘’casa’’, geralmente respondemos interligando essa palavra a um sentimento, uma pessoa, um grupo de amigos. Uma das minhas músicas favoritas do McFly diz: “home is where the heart is”. Por muito tempo acreditei que essa frase era diretamente ligada a quem estivesse romanticamente comigo: um namorado, uma paixão, um amor – já que nem sempre um amor vira um namoro. Hoje já penso que minha melhor definição de casa não vem do sentimento afetivo para o outro. Hoje eu sou a minha casa. Sou minha proteção, minha amiga, minha ajuda e meu socorro; claro que tenho pessoas incríveis ao meu redor que me ajudam a continuar enfrentando toda e qualquer onda que apareça. Mas ao me considerar minha própria casa fortaleço meus laços comigo mesma e firmo o compromisso de nunca me deixar, nem mesmo por um instante. Afirmo que sou forte, dona de mim e autossuficiente. Quando digo que sou minha casa quero falar que, mesmo que a mais forte das tempestades chegue, ainda continuarei de pé. Podem levar todos os móveis, enfeites e detalhes, mas estarei ali, intacta, pronta para redecorar todos os cômodos, ainda que com dificuldade.

Eu sou minha casa e eu sou a minha paz. E ninguém pode me tirar de mim.

Iasmyn Gordiano, 16/04/17

terça-feira, 11 de abril de 2017

dúvida_

Entre as perguntas que mais me faço, a mais repetida é:  

Em 
Algum 
Momento
Você
Me 
Amou? 

Enquanto sua barba roçava em minhas coxas, enquanto eu puxava seus cabelos, enquanto seus dentes mordiam minha carne, enquanto eu ficava de quatro, enquanto eu deixava meu corpo deixar de ser só meu e virar seu 

Em
Algum
Momento
Você 
Me
Amou?

 Enquanto você me apresentava aos seus amigos, enquanto você me apresentava a sua família, enquanto você me apresentava ao seu mundo 

Em 
Algum 
Momento 
Você 
Me 
Amou? 

Enquanto você olhava em meus olhos, enquanto fazíamos planos, enquanto você me fazia carinho, enquanto você encostava sua bochecha na minha, enquanto você sussurrava obscenidades em meu ouvido

Em
Algum 
Momento
Você 
Me 
Amou? 

Enquanto eu secava suas lágrimas, enquanto eu lutava suas batalhas, enquanto eu deixava de ser minha e me tornava sua, enquanto eu te soltava pra o mundo achando que você voltaria inteiro pra mim

Em 
Algum
Momento
Você
Me 
Amou?

 Eu amei desesperadamente cada pedaço teu, de tua alma, de teu corpo, de teu jeito, bebi do teu gosto como quem bebia o néctar dos deuses e me embebedei com o cheiro do teu suor mais bruto.

Enquanto você me olhava fundo e dizia que me amava

 Em
   Algum
    Momento
      Você
         Me 
           Amou?

Iasmyn Gordiano, 11/04/17

domingo, 9 de abril de 2017

eu te amo_

Eu te amo pra caralho.
(mas esse seu estilo é tão sem graça)
Eu te amo pra caralho.
(mas você tá louca de pensar dessa forma)
Eu te amo pra caralho.
(parar com a depilação por que? Vou perder o tesão por você)
Eu te amo pra caralho.
(não tô pedindo pra você parar de falar com ele. Tô falando que me sinto inseguro, chateado, com raiva e que isso vai afetar a nós dois. Mas você que escolhe)
Eu te amo pra caralho.
(para de imaginar coisas. Eu nem a acho bonita, ela é feia e grudenta)
Eu te amo pra caralho.
(sempre que ela briga comigo, a faço pedir desculpas. Posso estar errado, mas é sempre ela que se sente culpada)
Eu te amo pra caralho.
(Não entendo por que você se sente insegura. Nunca fiz nada de errado, você tá surtando a toa)
Eu te amo pra caralho.
(eu fui por você o tempo inteiro. Te traí, te enganei, te humilhei, fiz você passar por otária. Mas claro que fui 100% por você)
Eu te amo pra caralho.
Eu só não te respeito.
Eu só não te valorizo.
Eu só não te vejo como um ser humano.
Eu só cago pra os seus problemas.
Eu só jogo os meus erros pra cima de você.
Mas, sim.

Eu te amo pra caralho.

Iasmyn Gordiano, 10/04/17

domingo, 2 de abril de 2017

13 reasons_

Há dias bons. Isso não posso negar.
Mas também há aqueles dias – e esses, infelizmente, têm sido maioria – em que eu queria parar de existir. Aqueles dias em que levantar da cama é uma atividade dolorosa. Preparar minha comida, lavar meu cabelo, conversar com meus amigos e até mesmo respirar, viram verdadeiras lutas. Eu não queria acordar nesses dias. Queria poder me desligar do mundo e ficar isolada em alguma realidade paralela em que não tivesse que manter contato com mais ninguém além de meus pensamentos.
Eu não costumava ser assim. Lembro, ainda que com esforço, de como eu era mais feliz. Na verdade, de quando eu era feliz. Ponto. Costumava rir de meu cabelo assanhado, me importar com o que iria fazer no dia, sorrir de forma verdadeira e conversar com meus amigos sem precisar fazer esforço. Sinto como se essa eu antiga tivesse sido sequestrada e ainda não tenho noção de quando conseguirei pagar o resgate para tê-la de volta. Não aguento mais.
Não aguento mais forçar diálogos. Não aguento mais forçar sentimentos. Não aguento mais tentar mostrar que estou bem quando por dentro tudo o que existe é um vazio sem fim. Não consigo levantar da cama sem ter vontade de chorar. Não consigo dormir sem ter vontade de gritar. Não consigo nem ao menos me sentir viva. Me sinto em uma tsunami de sentimentos onde tudo de bom que existia dentro de mim foi arrastado, morto. Estou devastada. Cada parte minha dói, dói como o inferno.
Se eu fosse fazer um vídeo explicando os 13 motivos de ter desistido, você seria o primeiro.


Iasmyn Gordiano, 02/04/17

quinta-feira, 23 de março de 2017

Unilateral_

Era amor quando eu acordava de madrugada e checava sua respiração. Era amor quando sentia que você estava longe de mim e entrelaçava nossos pés. Era amor quando eu te abraçava e te puxava pra perto enquanto você roncava alto. Era amor quando eu te achava a pessoa mais linda do mundo acordando, com seus cabelos cacheados bagunçados e a cara inchada de sono. Era amor quando sua voz era a primeira coisa que eu desejava ouvir no começo do meu dia. Era amor quando tudo o que eu mais pedia ao Universo era a sua proteção. Era amor quando eu engolia as minhas dores e tornava as suas, minhas. Era amor quando seus problemas viravam nossos problemas. Era amor quando eu viajava horas somente para chegar em sua casa e te abraçar. Aliás, era amor quando a definição de casa para mim era dentro de seus braços. Era amor quando os únicos lábios que eu desejava beijar eram os seus. Era amor quando decorei todos os caminhos possíveis para sua casa e quando meu coração batia desenfreado quando estava chegando perto. Era amor quando eu ansiava por sentir o cheiro do seu suor após algum show. Era amor quando eu te ouvia falando durante horas sobre as coisas que você gostava, porque Deus, seus olhos brilhavam de um jeito que nunca brilharam para mim. Era amor quando meu coração doía só de imaginar você nos braços de outra. Era amor quando sua felicidade me fazia feliz e te fazer feliz era a minha maior prioridade. Era amor quando eu queria estar com você, mas te queria livre pra que você também tivesse vontade de ficar comigo. Era amor quando suas lágrimas caiam pelo seu rosto e eu sentia todas as sensações ruins que você. Era amor.

Mas você nunca me amou de volta. Pra mim, era amor. Pra você, era diversão.

Essa foi nossa maior diferença. Eu amei.

Iasmyn Gordiano, 24/03/17.

terça-feira, 21 de março de 2017

anxiety_

Minha cabeça é confusa. É como tentar organizar os fios do  fone de ouvido que estava perdido dentro da bolsa, mas que quanto mais você tenta desembaraçar, pior fica a situação. Minha mente ecoa palavras que me deixam para baixo o tempo inteiro. Tento não enlouquecer com as vozes que me dizem que não sou capaz de sair dessa e melhorar. Meu corpo sofre as consequências disso, já que ele é o único que consegue me acompanhar de verdade nessa caminhada insana em que eu estou contra eu mesma. Tudo dói. Pensar dói. Lembrar dói. Sentir dói. Minha vida se tornou uma mistura louca de dor e vontade de sumir. Queria poder desligar meus pensamentos e viver dentro do eco vazio que seria a minha cabeça. Não sinto nada, não durmo, não tenho reação. Minha única saída é tentar colocar em palavras toda a pressão que sinto em meu peito, como se uma mão gigante apertasse todos os meus órgãos a ponto de me deixar sem ar.
Respirar.
Até isso é um esforço. Cada mínima atividade diária virou um verdadeiro inferno. Acordar é doloroso. Tentar dormir é ainda pior. Imagens assombram minha mente sempre que fecho os olhos e sou bombardeada por lembranças  que me fazem sangrar internamente. Abriu uma torneira de pessimismo, trevas e tristeza dentro de mim. Não sei se consigo fechá-la. Não sei nem se tenho forças pra isso. Conviver com a vontade de morrer diariamente é a minha maior batalha e já não consigo gritar por ajuda. Apenas espero.
Não sei se pela morte ou pela cura. Não sei se estou ficando louca ou se estou perto de melhorar. Sinto que não tenho mais forças para continuar fingindo. Não aguento. Não quero mais aguentar.

Fecho os olhos e espero que a escuridão me englobe. Me tire daqui. De dentro de mim.
Enlouqueço.

Iasmyn Gordiano, 22/03/17

sexta-feira, 10 de março de 2017

Isso não é possível

Registro da última vez que fiz o caminho para sua casa
Se eu disser que não sinto falta de você, estarei mentindo descaradamente para mim e todos a minha volta. Eu sinto, sim, muita saudade sua e com frequência eu choro sozinho em meu quarto por causa disso. Sinto falta de ter você ao meu lado, sinto falta de dormir abraçadinho contigo, sinto falta até mesmo do cheirinho do seu suor quando acordava.

Queria muito poder voltar no tempo e fazer tudo diferente. Queria muito pelo menos poder mandar uma carta para meu eu do passado dizendo que ele precisa amadurecer e repensar várias coisas que estava fazendo. Queria muito ter você de volta à minha vida e voltar a dizer que estou 100% feliz.

Mas
Infelizmente
Isso não é
Possível.

Você já está decidido sobre seu posicionamento e eu não julgo, realmente fui um merda nas coisas que fiz. Você já está tocando sua vida para frente, ficando com outras pessoas e eu estou aqui parado, estagnado, sofrendo e sofrendo mais ainda por estar sentindo essa dor.

Ainda não sei porque estou escrevendo isso. Talvez seja por desabafo, talvez seja porque não aguento mais, talvez seja porque minha única maneira de pôr pra fora seja escrevendo e talvez seja porque nunca tive coragem de dizer que te amei.

Entre lágrimas e dores, eu só queria poder deitar no seu peito e sentir seu calor de novo, sentir o cheirinho do seu suor, sua respiração e ouvir da sua boca que está tudo bem entre a gente e que você ouvisse da minha que eu sou outra pessoa.

Mas
Infelizmente
Isso não é
Possível.

Victor Rosa (10/03/2017)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Passagem

Vai passar.
Sei que você provavelmente não aguenta mais ouvir isso e nem consegue acreditar  que seja possível, mas me ouça: vai passar. Eu sei que todos os dias vêm uma dor diferente e parece que toda essa confusão dentro de você é eterna, mas não é. Se dê um tempo, se dê espaço, viva sua dor, chore o que for necessário, grite quando tiver vontade, deixe que tudo isso saia de seu corpo e de sua alma, um dia por vez. Aos poucos sua vida volta ao normal, novos momentos irão surgindo, novas pessoas irão aparecendo. Você vai passar a se olhar no espelho com um olhar menos crítico e mais apaixonado pela mulher que se tornou. Vai perceber mais as suas qualidades e menos os seus defeitos – na verdade, você vai até rir deles. E quando se lembrar daquele que um dia amou mais que a si mesma vai se perguntar o motivo de tanto amor: não era recíproco, não era verdadeiro e foi um erro, você deveria ter ouvido seu pai. Mas ao invés de sofrer novamente com as lembranças, você irá sorrir e perceber o quanto aquilo foi importante pra seu amadurecimento. Já não é a mesma e nem tinha como ser. Você amadureceu seu olhar pra vida e pras relações, desenvolveu um amor próprio até então desconhecido e consegue notar que merece muito mais que um amor meio bosta. Agora sabe a importância da reciprocidade nas relações e não aceita nada pela metade – quem quiser colar junto vai ter que se doar 100% pra relação, assim como você faz.

Sei que lê isso e pensa: “Nossa, mas ainda falta tanto pra o amor passar” – talvez. Pode ser que ele ainda dure um ano ou um mês, mas uma hora ele passa. E é libertador.

Iasmyn Gordiano, 13/01/17

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Socorro

Não é mais sobre você. Talvez sua partida tenha desengatilhado meus monstros interiores e agora eles estejam tentando tomar conta de mim. Infelizmente, temo que eles tenham achado espaço para isso.
Acordar é um martírio. Dormir é doloroso. Sobreviver é uma luta. Levantar, sorrir, comer, falar, andar, correr e todas as ações que somos obrigados a fazer no dia-a-dia soam como uma verdadeira luta interna para mim. Não tenho forças. Não tenho vontade. Não tenho vida.
Sobrevivo da pior maneira possível.
Não tenho sonhos. Não tenho metas. Não tenho futuro. Não quero acordar. Não quero ter que encarar toda a merda que rodeia a minha mente da hora que eu abro os olhos até a hora em que posso fechá-los novamente. Minha mente não me perdoa e o peso constante em meu peito também não. Chorar parece a solução mais óbvia a qualquer momento e prender a vontade constante de desabar diante de qualquer situação, dói. Dói em mim, em meu corpo, em minha alma. Minha alma chora initerruptamente desde o dia em que você abriu a porta de casa e saiu sem olhar pra trás. Eu fiquei. Eu estou. Junto com todas as merdas que ficaram aqui. Queria me tirar de mim. Sair do meu corpo, da minha cabeça, dessa confusão imensa que me tornei.
Tudo está nublado, confuso, sujo, feio. Assim como eu.
Assim como o que eu me tornei.
Assim como o que eu descobri que sou.

Sou morta. 

Iasmyn Gordiano, 07/01/17