Minha cabeça é confusa. É como tentar organizar os fios do fone de ouvido que estava perdido dentro da
bolsa, mas que quanto mais você tenta desembaraçar, pior fica a situação. Minha
mente ecoa palavras que me deixam para baixo o tempo inteiro. Tento não
enlouquecer com as vozes que me dizem que não sou capaz de sair dessa e
melhorar. Meu corpo sofre as consequências disso, já que ele é o único que
consegue me acompanhar de verdade nessa caminhada insana em que eu estou contra
eu mesma. Tudo dói. Pensar dói. Lembrar dói. Sentir dói. Minha vida se tornou
uma mistura louca de dor e vontade de sumir. Queria poder desligar meus
pensamentos e viver dentro do eco vazio que seria a minha cabeça. Não sinto
nada, não durmo, não tenho reação. Minha única saída é tentar colocar em
palavras toda a pressão que sinto em meu peito, como se uma mão gigante
apertasse todos os meus órgãos a ponto de me deixar sem ar.
Respirar.
Até isso é um esforço. Cada mínima atividade diária virou um
verdadeiro inferno. Acordar é doloroso. Tentar dormir é ainda pior. Imagens
assombram minha mente sempre que fecho os olhos e sou bombardeada por
lembranças que me fazem sangrar internamente.
Abriu uma torneira de pessimismo, trevas e tristeza dentro de mim. Não sei se
consigo fechá-la. Não sei nem se tenho forças pra isso. Conviver com a vontade
de morrer diariamente é a minha maior batalha e já não consigo gritar por
ajuda. Apenas espero.
Não sei se pela morte ou pela cura. Não sei se estou ficando
louca ou se estou perto de melhorar. Sinto que não tenho mais forças para
continuar fingindo. Não aguento. Não quero mais aguentar.
Fecho os olhos e espero que a escuridão me englobe. Me tire
daqui. De dentro de mim.
Enlouqueço.
Iasmyn Gordiano, 22/03/17
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