quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Surto


Eu preciso gritar até minha voz ser ouvida.
Eu preciso gritar até tirar de mim todos esses demônios que rondam a minha mente e me deixam louca.
Eu preciso gritar até ficar rouca, até minhas cordas vocais sangrarem, até minha boca ficar seca.
Eu preciso gritar até tirar todas essas palavras que berram em minha mente 24h por dia e tiram minha sanidade.
Eu preciso gritar e deixar transparecer toda a verdade que eu escondo, toda a minha confusão, toda a minha falta de noção.
Eu preciso gritar até que minha voz ecoe nos lugares mais distantes e outras vozes se juntem à minha.
Eu preciso gritar até que alguém me ouça, me entenda, estenda a mão. Não para me calar, mas para fazer companhia ao meu grito. 
Eu preciso gritar até que alguma alma entenda aquilo que nem mesmo eu consigo em meio a tanta confusão mental.
Eu só preciso gritar.

Iasmyn Gordiano, 22/12/15

domingo, 11 de dezembro de 2016

Seus casulos

Seria tão bonito se eu estivesse caminhando, correndo, sendo feliz e sabendo que tem alguém ao meu lado sempre me acompanhando. E isso me daria uma sensação de conforto e segurança que nunca havia sentido antes, né? Mas se tudo se perdesse em uma ilusão? Quando eu olho para trás,  vejo você parado em um sinal vermelho que você mesmo criou.

Então fica claro saber que você tem medo de avançar a vida, tem medo de amar e ser amado, tem medo de se machucar com tudo isso, mas, acima de tudo, você é covarde. Te falta coragem para enfrentar todos esses medos e encarar a própria felicidade.

Eu cansei de andar sozinho. Cansei. Cansei. Cansei. Se você quer ficar aí parado, eu também ficarei aqui... parado. Eu não posso fazer nada enquanto você continuar criando cada vez mais casulos para se afastar de quem realmente gosta de você.

Então fique dentro do seu casulo dos jogos, do seu casulo antissocial, do seu casulo do "eu sou invisível", porque eu também vou me fechar em um casulo e me impedir de atravessar novas fronteiras e descobertas. Afinal, desde aquele final de semana eu estava certo, né? Nunca deveria voltar a correr de olhos vendados.

Victor Rosa, 11 de dezembro de 2016

sábado, 3 de dezembro de 2016

Despedida II

Eu lembro do nosso último dia juntos. Passamos a manhã inteira abraçados em sua cama, fazendo planos que nunca se realizarão. Tinha aquele clima meio triste, meio esperançoso. Fizemos um último sexo e, juro por todo o que há de mais sagrado no universo, se eu soubesse que nossos corpos não se encontrariam novamente, teria congelado aquele momento. O último toque, suspiro, gemido. A última vez que você esteve dentro de mim e me fez sua. 
Lembro do último abraço. Do último adeus. Você me deu um cigarro de palha que tinha acabado de bolar e eu fumei no ponto de ônibus na frente de sua casa. Antes de sair, te perguntei inocentemente: "Estamos bem mesmo? Posso ir tranquila?" E você me respondeu que sim. Disse que me amava e que não desistiria de nós. Mas era mentira, não era? Desde o início você sabia que aquele era o nosso fim. Aquela seria a última vez que nossos labios se encontrariam, que nossos corpos se encaixariam, que seríamos um do outro naquela tua cama apertada que tanto deixei suada após nossas transas. Dissemos adeus e nos beijamos.
Mas ainda não te deixei partir. Não de dentro de mim.


Iasmyn Gordiano, 03/12/16