quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Eu lembro

Eu ainda lembro daquele primeiro dia. Do primeiro olhar. Do primeiro sorriso. Do primeiro beijo. Daquela sensação quente que sobe pelo corpo inteiro e arde nas bochechas. Lembro do primeiro abraço e de como foi ter você perto de mim pela primeira vez.
Lembro da primeira vez também. A primeira descoberta dos corpos, do primeiro suspiro, do primeiro toque, do primeiro gemido, do primeiro puxão. Lembro da necessidade de ter logo você dentro de mim e de te sentir da forma mais crua que o corpo humano permite.
Lembro do primeiro ‘eu te amo’ dito de forma bêbada e dito de forma sóbria. Lembro do sorriso que você me deu, enquanto me puxava pela primeira vez pra cima de seu peito. Lembro do primeiro olhar envergonhado ao me ver tão exposta – de corpo e alma – pra você. Lembro da primeira risada, ainda sem saber o que dizer. Lembro do primeiro elogio que você disse, ao me ver totalmente descabelada e ainda tentando me recuperar do primeiro sexo. E lembro de todas as outras vezes que viriam depois daquela.
Lembro do pedido de namoro. Lembro da primeira vez que você fez planos comigo. E lembro de todos os outros planos que viriam a seguir depois daquele.
Lembro da primeira briga, da primeira vez admitimos sentir ciúmes. Lembro da sua falta de jeito, do meu nervosismo, da sua paciência. Lembro da primeira vez que cozinhamos e daquele dia em que deixei o miojo virar uma papa gosmenta porque você tinha me provocado de um jeito bom. Lembro da necessidade quase cruel  e da saudade dolorida de quando você foi embora pela primeira vez e em todas aquelas que viriam a seguir.
Lembro das promessas, das conversas, das confidências. Lembro dos dias ruins, mas lembro mais ainda dos dias bons. Lembro das lágrimas de tristeza, mas também lembro das vezes que chorei de rir de suas palhaçadas. Lembro quando a saudade apertou forte, mas também lembro de como é confortável ter seus braços ao meu redor depois de muito tempo longe. Lembro das ligações de celular e lembro quando você me disse o apelido que sua ex te chamava. Lembro de todos esses momentos e não consigo, nem por um minuto, esquecer desses detalhes.
Foram essas pequenas coisas que nos trouxeram até aqui. Podemos não ser mais os mesmos de um ano atrás, mas e quem disse que eu gostaria de ser? Não trocaria o que temos hoje, mesmo com todas as brigas. Não trocaria a intimidade, o conhecimento, o sexo, o toque, a falta, o beijo, a risada, a pessoa. Não trocaria você nem em mil anos.
Não trocaria quem eu sou quando estou com você, seja perto ou longe. Não troco nós dois.
Não me troca também.

Eu imploro.

Iasmyn Gordiano, 04/08/16

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